quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

FERNANDO PESSOA/BIOGRAFIA E OBRAS

FERNANDO PESSOA - BIOGRAFIA E OBRAS


Fernando Antônio Nogueira Pessoa foi um dos mais importantes escritores e poetas do modernismo em Portugal. Nasceu em 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa (Portugal) e morreu, na mesma cidade, em 30 de novembro de 1935.
 Biografia 
Fernando Pessoa foi morar, ainda na infância, na cidade de Durban (África do Sul), onde seu pai tornou-se cônsul. Neste país teve contato com a língua e literatura inglesa. 
Adulto, Fernando Pessoa trabalhou como tradutor técnico, publicando seus primeiro poemas em inglês. 
Em 1905, retornou sozinho para Lisboa e, no ano seguinte, matriculou-se no Curso Superior de Letras. Porém, abandou o curso um ano depois. 
Pessoa passou a ter contato mais efetivo com a literatura portuguesa, principalmente Padre Antônio Vieira e Cesário Verde. Foi também influenciado pelos estudos filosóficos de Nietzsche e Schopenhauer. Recebeu também influências do simbolismo francês.
 Em 1912, começou suas atividade como ensaísta e crítico literário, na revista Águia. 
 A saúde do poeta português começou a apresentar complicações em 1935. Neste ano foi hospitalizado com cólica hepática, provavelmente causada pelo consumo excessivo de bebida alcoólica. Sua morte prematura, aos 47 anos, provavelmente aconteceu em função destes problemas, pois apresentou cirrose hepática.
 O ortônimo > Fernando Pessoa
Fernando Pessoa usou em suas obras diversas autorias. Usou seu próprio nome (ortônimo) para assinar várias obras e pseudônimos (heterônimos) para assinar outras. Os heterônimos de Fernando Pessoa tinham personalidade própria e características literárias diferenciadas.

 Obras de Fernando Pessoa
· Do Livro do Desassossego
· Ficções do interlúdio: para além do outro oceano
· Na Floresta do Alheamento
· O Banqueiro Anarquista
· O Marinheiro
· Por ele mesmo

Poesias de Fernando Pessoa
· A barca
· Aniversário
· Autopsicografia
· À Emissora Nacional
· Amei-te e por te amar...
· Antônio de Oliveira Salazar
· Autopsicografia
· Elegia na Sombra
· Isto
· Liberdade
· Mar português
· Mensagem
· Natal
· O Eu profundo e os outros Eus
· O cancioneiro
· O Menino da Sua Mãe
·       O pastor amoroso
· Poema Pial
· Poema em linha reta
· Poemas Traduzidos 
· Poemas de Ricardo Reis
· Poesias Inéditas 
· Poemas para Lili
· Poemas de álvaro de Campos
· Presságio
· Primeiro Fausto
· Quadras ao gosto popular
· Ser grande
· Solenemente
· Todas as cartas de amor...
· Vendaval

Prosas de Fernando Pessoa
· Pessoa e o Fado: Um Depoimento de 1929
· Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação
· Páginas de Estética e de Teoria e de Crítica Literárias

Obras do heterônimo Alberto Caeiro
· O Guardador de Rebanhos
· O guardador de rebanhos - 
· A Espantosa Realidade das Cousas
· Um Dia de Chuva
· Todos os Dias
· Poemas Completos
· Quando Eu não tinha
· Vai Alta no Céu a lua da Primavera
· O Amor é uma Companhia
· Eu Nunca Guardei Rebanhos
· O Meu Olhar
· Ao Entardecer
· Esta Tarde a Trovoada Caiu
· Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada
· Pensar em Deus
· Da Minha Aldeia
· Num Meio-Dia de Fim de Primavera
· Sou um Guardador de Rebanhos
· Olá, Guardador de Rebanhos
· Aquela Senhora tem um Piano
· Os Pastores de Virgílio
· Não me Importo com as Rimas
· As Quatro Canções
· Quem me Dera
· No meu Prato
· Quem me Dera que eu Fosse o Pó da Estrada
· O Luar
· O Tejo é mais Belo
· Se Eu Pudesse
· Num Dia de Verão
· O que Nós Vemos
· As Bolas de Sabão
· às Vezes
· Só a Natureza é Divina
· Li Hoje
· Nem Sempre Sou Igual
· Se Quiserem que Eu Tenha um Misticismo
· Se às Vezes Digo que as Flores Sorriem
· Ontem à Tarde
· Pobres das Flores
· Acho tão Natural que não se Pense
· Há Poetas que são Artistas
· Como um Grande Borrão
· Bendito seja o Mesmo Sol
· O Mistério das Cousas
· Passa uma Borboleta
· No Entardecer
· Passou a Diligência
· Antes o Voo da Ave
· Acordo de Noite
· Um Renque de árvores
· Deste Modo ou Daquele Modo 
Obras do heterônimo Álvaro de Campos 
· Acaso
· Acordar
· Adiamento
· Afinal
· A Fernando Pessoa
· A Frescura
· Ah, Onde Estou
· Ah, Perante
· Ah, Um Soneto
· Ali Não Havia
· Aniversário
· Ao Volante
· Apostila
· às Vezes
· Barrow-on-Furness
· Bicarbonato de Soda
· O Binômio de Newton
· A Casa Branca Nau Preta
· Chega Através
· Cartas de amor 
· Clearly Non-Campos!
· Começa a Haver
· Começo a conhecer-me. Não existo
· Conclusão a sucata !... Fiz o cálculo
· Contudo
· Cruz na Porta
· Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa
· Datilografia
· Dela Musique
· Demogorgon
· Depus a Máscara
· Desfraldando ao conjunto fictício dos céus estrelados
· O Descalabro
· Dobrada à morda do Porto
· Dois Excertos de Odes
· Domingo Irei
· Escrito Num Livro Abandonado em Viagem
· Há mais
· Insônia
· O Esplendor
· Esta Velha
· Estou
· Estou Cansado
· Eu
· Faróis
· Gazetilha
· Gostava
· Grandes
· Há Mais
· Lá chegam todos, lá chegam todos... 
· Lisboa
· O Florir
· O Frio Especial
· Lisbon Revisited - l923
· Lisbon Revisited - 1926
· Magnificat
· Marinetti Acadêmico
· Mas Eu
· Mestre
· Na Casa Defronte
· Na Noite Terrivel
· Na Véspera
· Não Estou
· Não, Não é cansaço
· Não: devagar
· Nas Praças
· Psiquetipia (ou Psicotipia)
· Soneto já antigo
· The Times 

Obras do heterônimo Ricardo Reis
· A Abelha
· A Cada Qual
· Acima da verdade
· A flor que és
· Aguardo
· Aqui
· Aqui, dizeis
· Aqui, neste misérrimo desterro
· Ao Longe
· Aos Deuses
· Antes de Nós
· Anjos ou Deuses
· A palidez do dia
· Atrás não torna
· A Nada Imploram
· As Rosas
· Azuis os Montes
· Bocas Roxas
· Breve o Dia
· Cada Coisa
· Cada dia sem gozo não foi teu
· Cancioneiro 
· Como
· Coroai-me
· Cuidas, índio
· Da Lâmpada
· Da Nossa Semelhança
· De Apolo
· De Novo Traz
· Deixemos, Lídia
· Dia Após Dia
· Do que Quero
· Do Ritual do Grau de Mestre do átrio na Ordem Templária de Portugal
· Domina ou Cala
· Eros e Psique 
· Estás só. Ninguém o sabe
· Este seu escasso campo
· é tão suave
· Feliz Aquele
· Felizes
· Flores
· Frutos
· Gozo Sonhado
· Inglória
· Já Sobre a Fronte
· Lenta, Descansa
· Lídia
· Melhor Destino
· Mestre
· Meu Gesto
· Nada Fica
· Não a Ti, Cristo, odeio ou te não quero
· Cristo Não a Ti, Cristo, odeio ou menosprezo
· Não Canto
· Não Consentem
· Não queiras
· Não quero, Cloe, teu amor, que oprime
· Não quero recordar nem conhecer-me
· Não Só Vinho
· Não só quem nos odeia ou nos inveja
· Não sei de quem recordo meu passado
· Não Sei se é Amor que TenS
· Não Tenhas
· Nem da Erva
· Negue-me
· Ninguém a Outro Ama
· Ninguém, na vasta selva virgem
· No Breve Número
· No Ciclo Eterno
· No Magno Dia
· No mundo, Só comigo, me deixaram
· Nos Altos Ramos
· Nunca
· Ouvi contar que outrora
· Olho
· O que Sentimos
· Os Deuses e os Messias
· O Deus Pã
· Os Deuses
· O Ritmo Antigo
· O Mar Jaz
· O Sono é Bom
· O Rastro Breve
· Para os Deuses
· Para ser grande, sê inteiro: nada
· Pesa o Decreto
· Ponho na Altiva
· Pois que nada que dure, ou que, durando
· Prazer
· Prefiro Rosas
· Quanta Tristeza
· Quando, Lídia
· Quanto faças, supremamente faze
· Quem diz ao dia, dura! e à treva, acaba!
· Quer Pouco
· Quero dos Deuses
· Quero Ignorado
· Rasteja Mole
· Sábio
· Saudoso
· Segue o teu destino
· Se Recordo
· Severo Narro
· Sereno Aguarda
· Seguro Assento
· Sim
· Só o Ter
· Só Esta Liberdade
· Sofro, Lídia
· Solene Passa
· Se a Cada Coisa
· Sob a leve tutela
· Súbdito Inútil
· Tão cedo passa tudo quanto passa!
· Tão Cedo
· Tênue
· Temo, Lídia
· Tirem-me os Deuses
· Tudo que Cessa
· Tuas, Não Minhas
· Uma Após Uma
· Uns
· Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
· Vivem em nós inúmeros
· Vive sem Horas
· Vossa Formosa  

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Abordagem I 
                    (Texto do Professor José de Nicola)

"A língua já foi  comparada a "um dicionário, cujos exemplares, idênticos, são distribuídos entre os indivíduos" e a fala seria o uso que cada indivíduo faz da língua. 

Ou seja, ao realizar um ato de comunicação verbal, o indivíduo escolhe, seleciona as palavras, para depois organizá-las, combiná-las, conforme a sua vontade.  

E todo esse trabalho de seleção e combinação não é aleatório, não é realizado por acaso, mas está intimamente ligado à intenção do emissor.  Assim sendo, a linguagem passa a ter funções.

Veremos, a seguir, as seis funções básicas da linguagem.  Entretanto, como afirma o linguista Roman Jakobson, 

“Dificilmente lograríamos encontrar mensagens verbais que preenchessem uma única função. A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas diversas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função predominante".

Isto é, em uma mesma mensagem verbal podemos reconhecer sempre mais de uma função.  Por outro lado, em toda mensagem prevalece uma das seis funções.

a) Função referencial 
A mais comum das funções da linguagem; voltada para a informação, para o próprio contexto.  A intenção é transmitir ao receptor dados da realidade de uma forma direta e objetiva, com palavras empregadas em seu sentido denotativo.  

Quando isso ocorre, fica caracterizada a função referencial ou denotativa.  Referencial é relativo ao referente (no caso, à própria informação).


b) Função conativa 

   É a mensagem centrada no destinatário.  Ocorre quando a intenção do emissor é influenciar o destinatário, quando a mensagem está centrada no destinatário em forma de ordem, apelo ou súplica, temos a função apelativa ou conativa da linguagem.  

Os verbos no imperativo, o uso de vocativos e a segunda pessoa (tu/vós, você/vocês) são marcas gramaticais da função conativa.

Os anúncios publicitários e os comícios políticos às vésperas de eleição empregam uma linguagem em que predomina a função apelativa ou conativa (conativo significa "relativo ao processo da ação intencional sobre outra pessoa").


c) Função fática
É o canal aberto destinatário, prolongando uma comunicação ou então testando o canal de comunicação com frases do tipo: 
Veja bem...
Olha...
Compreende?

Essa preocupação com o contato caracteriza a função fática da linguagem.
Toda conversa ao telefone é pontuada por expressões do tipo: 
Está me ouvindo?
Sim... sei...
Hum... hum...

transformando-se em bom exemplo do emprego da função fática.  Veja mais dois exemplos: 
- Olá, tudo bem?
- Tudo bem. E você?
- Tudo bem... levando... levando...
- É... levando...
- Falou...
- É isso aí...


d) Função metalinguística
     É o diálogo entre palavras.
Neste caso, a preocupação do emissor está voltada para o próprio código utilizado, ou seja, o código é o tema da mensagem ou é utilizado para explicar o próprio código.
Ocorre, então, a função metalinguística ou metalinguagem - quando se dá uma definição ou quando se explica ou se pede explicação sobre o conteúdo da mensagem.  

Por extensão, fala-se em metalinguagem quando um filme tem por tema o próprio cinema, uma peça teatral tem por tema o teatro, uma poesia discorre sobre o próprio ato de escrever etc.  Ex.:

Pequena tragédia brasileira
A Bem-Amada queria devorar o coração do Poeta.
- Não - disse ele -, só terás um pedacinho...
Porque noventa por cento pertence aos Editores.
                                                      (Mário Quintana)

Esse texto é metalinguístico por duas razões: o poeta fala do próprio poeta; o poeta utiliza o canal (livro) para comentar o próprio canal (a relação econômica com os editores: o poeta recebe apenas 10% de direitos autorais sobre cada livro vendido).


e) Função emotiva
      É o texto em primeira pessoa. Quando a intenção do emissor é posicionar-se em relação ao tema que está abordando, é expressar seus sentimentos e emoções, sempre resulta um texto subjetivo, escrito em primeira pessoa. 

      Dessa forma, o texto transforma-se num espelho do ânimo, das emoções, do estado, enfim, do emissor. 
    Nesse caso, temos a função emotiva ou expressiva da linguagem.  
    A interjeição é, ao lado da primeira pessoa do singular e de alguns sinais de pontuação (reticências, ponto de exclamação), indicador seguro da função emotiva da linguagem, como no texto que segue: 

Preciso aprender a ser só
Ah! Se eu te pudesse fazer entender
Sem teu amor, eu não posso viver
Que sem nós dois, o que resta sou eu
Eu assim tão só
E eu preciso aprender a ser só
Poder dormir sem sentir teu calor
E ver que foi só um sonho e passou
Ah! O amor
Quando é demais, ao findar leva a paz
Me entreguei, sem pensar
Que a saudade existe e se vem
É tão triste, vê...
Meus olhos choram a falta dos teus
Esses teus olhos que foram tão meus
Por Deus entenda
Que assim eu não vivo
Eu morro pensando
No nosso amor
(Marcos Vale & Paulo Sérgio Vale)

    O texto, apesar de dialogar com uma segunda pessoa - tu, a pessoa amada ausente -, está todo centrado no emissor - eu. 

    Observe que é só aparente a tentativa de interferir no comportamento do outro ("Se eu te pudesse fazer entender"); na verdade, todas as falas do emissor refletem seu estado emocional, sua falta de condições para equacionar o problema da solidão:
Que sem nós dois o que resta sou eu
Eu assim tão só...

      A segunda estrofe sugere uma mudança de foco ao mencionar o amor (o referencial), mas essa mudança é apenas aparente; logo o emissor volta a falar das consequências sofridas por ele com o findar do amor.  
    Fica caracterizado o predomínio da função emotiva da linguagem, embora tenhamos também a função poética (a especial organização da mensagem).


f) Função poética 
     Quando a intenção do emissor está voltada para a própria mensagem, quer na sua estrutura, quer na seleção e combinação das palavras, ocorre a função poética: como afirma Roman Jakobson, a função poética "coloca em evidência o lado palpável, material dos signos".

      Ao selecionar e combinar de maneira particular e especial as palavras, o poeta procura obter alguns elementos fundamentais da linguagem poética:
• o ritmo;
• a sonoridade;
• o belo e o inusitado das imagens.

      Evidentemente, num texto poético você poderá encontrar também as demais funções da linguagem.  Mas o valor da poesia reside exatamente no trabalho realizado com a própria mensagem.
      Importante é perceber que a função poética não é exclusiva da poesia; você poderá encontrá-la em textos escritos em prosa, em anúncios publicitários e mesmo na linguagem cotidiana.  Nesses casos, ela não será a função dominante.

    Observe como nossa tendência é sempre falar"amizade luso-brasileira" e nunca "amizade brasileiro-lusa".  
      Da mesma forma, ao enunciarmos uma sequência aleatória de nomes, a tendência será pronunciar os nomes mais curtos antes dos mais longos: como nos ensina Jakobson, diremos "Joana e Margarida" e nunca "Margarida e Joana".  E qual a explicação?  Simplesmente porque "soa melhor".


                               Conclusão
  Agora que você conhece as seis funções da linguagem, vamos retomar os elementos da comunicação e seu esquema para relacioná-los a essas funções.  Citando Jakobson:
“A linguagem deve ser estudada em toda a variedade de suas funções. Para se ter uma ideia geral dessas funções, é mister uma perspectiva sumária dos fatores constitutivos.”

     Para ser eficaz, a mensagem requer um contexto a que se refere, apreensível pelo destinatário, e que seja verbal ou suscetível de verbalização, um código total ou parcialmente comum ao remetente e ao destinatário (ou, em outras palavras, ao codificador e ao decodificador da mensagem); e, finalmente, um contato, um canal físico e uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatário, que capacite a ambos entrarem e permanecerem em comunicação. 

       Esquema:
       contexto
       mensagem
       remetente
       destinatário
       contato
       código


    Cada um desses seis fatores determina uma diferente função da linguagem.”
(Roman Jakobson, Linguística e comunicação)

 Mais adiante, ele monta um esquema correspondente às funções da linguagem:
      referencial
      poética
      emotiva        
      conativa
      fática
      metalinguística


    Finalmente, para obter uma visão geral e completa dos fatores fundamentais da comunicação e de suas relações com as funções da linguagem, podemos fazer uma superposição dos dois esquemas:


                  CONTEXTO
             (função referencial)

      CANAL DE COMUNICAÇÃO
              (função fática)

                  EMISSOR
             (função conativa)

                 RECEPTOR
             (função emotiva)

                MENSAGEM
              (função poética)

                  CÓDIGO
        (função metalinguística)

   O esquema acima reúne os elementos da comunicação e as respectivas funções da linguagem.  Estas indicam o elemento da comunicação que predomina em cada mensagem."

     Do livro "Língua, Literatura & Redação"
                   (volume 3), de José de Nicola.


       

                                                                        
                           Abordagem II
        (Autor Desconhecido - agradeço informações sobre a autoria)
                  
                         "Funções da Linguagem
       Eis as seis funções e suas peculiaridades:

1 - Referencial ou denotativa - Usada para expressar a realidade, o fato externo, a informação. Ela põe em evidência o referente, ou seja, o assunto ao qual mensagem se refere.  Ex.: o noticiário  do jornal, da TV.
 
 
2 - Conativa(1ou apelativa Usada para dar conselhos, avisos, ordens ou pedidos:
      Cuidado!
      É proibido fumar!
      Vem cá, menino!
      Ajude-me!
 
 
3 - Emotiva ou expressiva Serve para expressar atitudes e emoções. Reflete o estado de ânimo do emissor, seus sentimentos e emoções.
 
 
4 - Fática(2) - Esta função serve para manter o diálogo, mesmo sem transmitir mensagens precisas. Não comunica nada, mas mantém aberto o canal de comunicação entre o emissor e o receptor:
      E aí, tudo bem?
      Alô, está me ouvindo?
 
 
5 - Poética - Usamos esta linguagem para produzir efeitos artísticos. A mensagem, elaborada, trabalhada artisticamente, visa a encantar quem a ouve ou lê.

 Ex.: uma peça teatral, um poema...
 
 6 - Metalinguística


(3) - Utilizamos esta linguagem para explicar o significado de outra linguagem. Ela possibilita a um código se referir a ele mesmo, explicando-se.É a palavra comentando a palavra.
  Exemplos:
a) Frase é qualquer enunciado
(4) linguístico com sentido completo.
(Note que, para darmos a definição de frase, empregamos uma frase. O código utilizado foi a língua portuguesa).
b) O português é uma das línguas mais difíceis do mundo.
(Para falar das dificuldades da língua, usamos o próprio idioma).
 
 
       Referências:

(1) Conativa: vem de 'conação", que quer dizer intenção ou atitude dirigida, objetivando direcionar ou disciplinar comportamentos.
A linguagem conativa, muito usada em cartazes ou comerciais publicitários, procura influenciar as pessoas, levando-as fazer ou deixar de fazer algo:
a) fazer: 'Compre hoje e pague a primeira prestação só daqui a três meses!'
'Doe sangue. Seja bom. Salve vidas.'
b) não fazer: 'Não suje a cidade. Embale seu lixo.'
'Não anule o seu voto. Ele pode mudar o Brasil!'
 
(2) A palavra 'fática' deriva do verbo latino fari, que quer dizer 'falar'.
 
(3) Palavra que exprime 'além da linguagem'.
 
(4) Enunciado significa expressão,  declaração, exposição."

                       
                                 
                          Abordagem III

            ( agradeço informações sobre a autoria, na internet)

"Todo emissor, nmomento em que realiza um ato de fala, consciente ou inconscientemente, atribui maior importância a um dos seis elementos da comunicação.
Com base nessa preferência, distinguem-se seis funções da linguagem:

a) Função Emotiva, Expressiva ou de Exteriorização Psíquica:
O emissor atribui maior valor a si mesmo, através do uso predominante de:
• primeira pessoa verbal:
Quando estive em sua casa, convivi com sua ausência.
Nunca pensamos em tudo.

• exclamações:
Que maravilha!

• interjeições:
Ai! esqueci tudo em casa.

 
b) Função Conativa ou Apelativa
Demonstra a preocupação do emissor com o receptor, o que se manifesta no predomínio de:
• Receptor em função de sujeito:
Vossa Senhoria não me deferiu o pedido.
Toda dia, você me repete a mesma ladainha.
Esqueceste o favor que te pedi?

• Vocativos:
Por favor, Mariana, não me desaponte.
Obrigada, Maria.

• Imperativos:
Se quiseres ser aprovado, estuda.
Pare, olhe e siga.

A linguagem da propaganda é fundamentalmente conativa.

 
c) Função Referencial, Informativa ou Cognitiva
Sobressai a importância que o emissor dedica ao Referente e se manifesta no uso predominante de sujeitos de terceira pessoa:
Tatiana não desapontou a mim, nem a você.
Sua Excelência, o Senhor Presidente, telefonou para você e para mim.

A função referencial predomina na exposição científica, nos livros didáticos, na linguagem jornalística e em outros.
 

d) Função Fática

Há momentos na comunicação, em que o emissor demonstra querer chamar a atenção do receptor, desligá-la, ou mesmo testá-la. Predomina a preocupação do emissor com o canal, com a atenção.
• Testando o canal:
Alô, alô, você está me ouvindo?

• Procurando colocar o canal em funcionamento:
Ei!  Você aí.  Psiu.

• Tentando desviar o canal:
Lúcio: - Rita, você se casaria comigo?
Rita: - Estou precisando dormir...

Inúmeras fórmulas de cumprimento, com o tempo, foram perdendo sua comunicabilidade e tiveram seus significados esvaziados, tornando-se apenas fáticas.
Quando se diz "Bom dia", ninguém está mais pensando em desejar um dia agradável a seu receptor.
É comum dois conhecidos encontrarem-se, trocarem saudações:

- Como vai?
- Bem obrigado. E você?
- Tudo bem...
e despedirem-se sem mesmo perceberem o que falaram.
Também representam a função fática as expressões estereotipadas como "né", "viu?", "entende"? e outras semelhantes.
Logo, conclui-se que o referente da função fática é a própria comunicação.


 

e) Função Metalinguística

Tem maior importância a atenção que o emissor dirige ao código ou língua. É a linguagem voltada sobre si mesma, é a mensagem que tem como referente a própria linguagem.
• O emissor pode indagar a respeito do código:
"O que significa estultícia?"

• O emissor pode afirmar a respeito do código:
"Estultícia significa tolice, imbecilidade..."

Todo processo de aprendizagem de uma língua está baseado na função metalinguística, como também são metalinguagem as definições de um dicionário, os conceitos de uma gramática, uma crítica literária, uma análise de texto e outros.

 

f) Função Poética ou Estética

A atenção do emissor está fixada, fundamentalmente, na busca de melhor elaboração da mensagem. Escrever uma frase e riscá-la para substituir por outra de mesmo sentido só porque é mais eufônica, caracteriza justamente a procura do poético linguístico. Quando os pais estão discutindo se darão à filha o nome de Maria Ana ou Ana Maria, estão exatamente buscando o estético, o mais sonoro, o de melhor ritmo, e essa preocupação é poética."


Fernando Pessoa e seus Heterônimos

Fernando Pessoa e seus Heterônimos

Nascido em 13 de junho de 1888, em Lisboa, Fernando Pessoa liderou o movimento modernista em Portugal, cujos ideais vieram à tona na revista Orpheu. Considerado um escritor singular e muito criativo, foi através da heteronomia que Fernando Pessoa alcançou o prestígio e o sucesso não só em Portugal, mas em toda a literatura universal.
Através de seus heterônimos, Fernando Pessoa mostrava seu vasto projeto artístico: seus heterônimos tinham biografia, estilo e ideais próprios, eram diferentes uns dos outros. Foram mais de 70 heterônimos criados, alguns desenvolvidos completamente, outros não. Os mais marcantes foram:
 Alberto CaeiroRicardo Reis e Álvaro de Campos.
Como ele mesmo, Fernando Pessoa tinha um forte traço nacionalista. Alimentava o gosto pelo épico e fazia retomada às Grandes Navegações, época de grandes conquistas para Portugal que foi apagado com o tempo.
Voltando-se para temas tradicionais, vemos ainda um traço saudosista nele.

Alberto Caeiro

Alberto Caeiro era o mestre de todos os outros heterônimos, além de ser mestre do próprio Fernando Pessoa. Nascido em 16 de abril de 1889, Caeiro era órfão de pai e mãe e viveu a vida inteira no campo com sua tia.
Fruto de um local bucólico, Caeiro defende a simplicidade da vida e seus pensamentos são extraídos do contato com a natureza e a vida simples. Ele procurava ver o real e como a realidade se configura de maneira simples.
Acreditava que os pensamentos do poeta - as sensações – eram obtidos por meio dos sentidos do ser humano, sem a interferência do pensamento humano. Para ele, as coisas “eram como eram”, não havia necessidade de pensar. Tudo era objetivo.
Caeiro faleceu em 1915, tuberculoso.

Ricardo Reis

Nascido em 19 de novembro de 1887, no Porto, Ricardo Reis tinha formação em medicina. Exilou-se no Brasil porque não concordava com a Proclamação da República Portuguesa. É uma face de Fernando Pessoa ligada ao clássico, à cultura greco-latina.
Ricardo Reis valorizava a vida campestre e a simplicidade das coisas, mas ao contrário de Caeiro, ele não se sente feliz e integrado à natureza, sentindo-se fruto de uma sociedade decadente, que caminha para a destruição. Para Reis, o destino de todos já havia sido traçado e só restava aproveitar a vida ao máximo.

Álvaro de Campos

Era a face mais ligada ao modernismo e ao futurismo. Nascido em 15 de outubro de 1890, em Távira, Álvaro é engenheiro formado em Glasgow, mas não exerceu a profissão por não gostar de sentir-se preso em escritório.
É um homem voltado para o presente e sua poesia buscava transmitir o espírito do mundo moderno. Teve três fases: decadentista, futurista e pessoal. Na fase decadentista há uma ligação com o simbolismo, um descontentamento, o tédio em relação ao mundo presente; na fase futurista vemos a ligação com o moderno e o tempo presente, que passava por modernização; na fase pessoal, vemos questionamentos sobre si próprio, descontentamentos e certo abatimento

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Pela Internet (Gilberto Gil)

Pela Internet (Gilberto Gil)

Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje
Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé
Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer
Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut acessar
O chefe da Macmilícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus pra atacar programas no Japão
Eu quero entrar na rede pra contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um vídeopôquer para se jogar

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

OITO DICAS PARA PRODUZIR UM BOM TEXTO

OITO DICAS PARA PRODUZIR UM BOM TEXTO 


Muitos são os que procuram hoje em dia melhorar a maneira como escrevem. Procuram ser mais expressivos, mais corretos no uso da norma culta, mais críticos diante de um determinado assunto. Certo é que escrever textos dissertativos eficientemente não é um trabalho hercúleo. Por isso, passo a apresentar alguns pontos que considero importantes para a tessitura de um bom texto dissertativo:

1. Abasteça-se de informações. Começo este tópico com a velha ideia de que escreve bem que lê muito. Nem comentarei a afirmação, mas conhecer o assunto sobre o qual se escreverá ajuda demais na escolha de boas ideias e no rumo que a argumentação irá tomar. Mais que isso, sempre afirmo que a pessoa que lê muito conhece melhor as estruturas da língua portuguesa e pode "brincar" com isso.

2. Crie o hábito de fazer resumos - Concisão é uma qualidade que poucos têm. Não é defeito ser prolixo quando a situação exige isso, mas num texto em que você deverá defender um posicionamento em 30 linhas, é melhor acostumar-se a falar muito em poucas palavras. Além disso, é uma ótima maneira de entender os enunciados dos exercícios.

3. Tenha um "equipamento de primeiros socorros"Dicionário (ainda que seja online), gramáticas, livros sobre erros de Língua Portuguesa. Na verdade, se você escreve no computador, não tem desculpa, pois até sites que corrigem seu texto segundo a nova ortografia já existem.

4. Escreva! Escreva diariamente. Vejo amigos "se obrigando" a escrever diariamente em seus blogs. Não estou nesse pé, mas considero importante que exercícios de escrita sejam feitos constantemente. Vale lembrar que o aluno vestibulando não tem tempo a perder. No caso dele, a relação entre inspiração e produção é sempre vista sob a ótica do tempo que dispõe para terminar a prova.

5. Enriqueça seu repertório vocabular. Não adianta. Não falo com meus alunos como se estivesse na alfabetização. Palavras como corroborar, beócio, vilipendiado, depauperado e outras fazem parte de minhas aulas. Gosto da alegria deles ao aprender uma nova palavra como "beócio". Na hora dizem que chegarão em casa e usarão na conversa com os pais. Sempre aviso, no entanto, que não devem dizer que eu ensinei. Brincadeiras à parte, devemos nos envolver em situações que exijam um vocabulário mais refinado. Não falo em soltar uma mesóclise numa conversa informal. Tudo tem sua hora e lugar.

6. Seja zeloso com a estética da redação. Evite a rasura, se acontecer use o seguinte procedimento:"... (acessor) assessor..." Desenvolva a boa caligrafia (redundante, né?). Use a linha toda e reveja como se faz separação silábica pra não ficar um espaço enorme no final de cada linha.

7. Quando possível, evite o uso das primeiras pessoas do discurso (eu, nós). Há casos especiais para elas. Usar a terceira pessoa dá a ideia de imparcialidade, ainda que falsa, na abordagem que se fará do tema proposto.

8. Treine as estruturas e os recursos que aprender: Falei anteriormente que a pessoa que lê muito conhece melhor as maneiras como a língua pode se revelar. "Escrever é a arte de catar feijão, limpar,", dizia o escritor João Cabral de Melo Neto, então não seja prolixo, hermético, o simples diz tudo.


Há de se considerar que as dicas dadas levam em consideração o contexto de produção. Falo neste post para quem se preocupa com o bom uso da Língua Portuguesa em sua forma culta. Não se trata de preciosismo, mas de preparar-se para situações que exijam muito mais que o "nóis vai, nóis fumo".