domingo, 30 de novembro de 2014

Publicado pela primeira vez em 1899, "Dom Casmurro" é uma das grandes obras de Machado de Assis, caráter de uma das principais personagens femininas da literatura brasileira: Capitu.


Resumo
Bentinho fica furioso com José Dias, que o denunciara, e expõe a situação a Capitu. A menina ouve 
O romance inicia-se numa situação posterior a todos os seus acontecimentos. Bento Machado de Assis e confirma o olhar certeiro e crítico que o autor estendia sobre toda a sociedade brasileira. Também a temática do ciúme, abordada com brilhantismo nesse livro, provoca polêmica
Santiago, já um homem de idade, conta ao leitor como recebeu a alcunha de Dom Casmurro. A expressão fora inventada por um jovem poeta, que tentara ler para ele no trem alguns de seus versos. Como Bento cochilara durante a leitura, o rapaz ficou chateado e começou a chamá-lo daquetudo com atenção e começa a arquitetar uma maneira de Bentinho escapar do seminário, mla forma.
O narrador inicia então o projeto de rememorar sua existência, o que ele chama de "atar as duas pontas da vida". O leitor é apresentado à infância de Bentinho, quando ele vivia com a família num casarão da rua de Matacavalos.
O primeiro fato relevante narrado é também seu primeiro motivo de preocupação. Bentinho escuta uma conversa entre José Dias e dona Glória: ela pretende mandá-lo ao seminário no cumprimento de uma promessa feita pouco antes de seu nascimento. A mãe, que já havia perdido um filho, prometera que, se o segundo filho nascesse "varão", ela faria dele padre. Na conversa, dona Glória soubera da amizade estreita entre o menino e a filha de Pádua, Capitolina.as todos os seus planos fracassam. O garoto segue para o seminário, mas, antes de partir, sela, com um beijo em Capitu, a promessa de que se casaria com ela.
No seminário, Bentinho conhece Ezequiel de Souza Escobar, que se torna seu melhor amigo. Em uma visita a sua família, Bentinho leva Escobar e Capitu o conhece.
Enquanto Bentinho estuda para se tornar padre, Capitu estreita relações com dona Glória, que passa a ver com bons olhos a relação do filho com a garota. Dona Glória ainda não sabe, contudo, como resolver o problema da promessa e pensa em consultar o papa. Escobar é quem encontra a solução: a mãe, em desespero, prometera a Deus um sacerdote que não precisava, necessariamente, ser Bentinho. Por isso, no lugar dele, um escravo é enviado ao seminário e ordena-se padre.
Bentinho vai estudar direito no Largo de São Francisco, em São Paulo. Quando conclui os estudos, nadador -, morre afogado.
Bento enxerga no filho a figura do amigo falecido e fitorna-se o doutor Bento de Albuquerque Santiago. Ocorre então o casamento tão esperado entre Bento e Capitu. Escobar, por seu lado, casara-se com Sancha, uma antiga amiga de colégio de Capitu. Capitu e Bentinho formam um "duo afinadíssimo".
Essa felicidade, entretanto, começa a ser ameaçada com a demora do casal em ter um filho. Escobar e Sancha não encontram a mesma dificuldade: têm uma bela menina, a quem colocam o nome de Capitolina.
Depois de alguns anos, Capitu finalmente tem um filho, e o casal pode retribuir a homenagem que Escobar e Sancha lhe haviam prestado: o filho é batizado com o nome de Ezequiel.
Os casais passam a conviver intensamente. Bento vê uma semelhança terrível entre o pequeno Ezequiel e seu amigo Escobar, que, numa de suas aventuras na praia - o personagem era excelente ca convencido de que fora traído pela mulher. Resolve suicidar-se bebendo uma xícara de café envenenado. Quando Ezequiel entra em seu escritório, decide matar a criança, mas desiste no último momento. Diz ao garoto, então, que não é seu pai. Capitu escuta tudo e lamenta-se pelo ciúme de Bentinho, que, segundo ela, fora despertado pela casualidade da semelhança.
Após inúmeras discussões, o casal decide separar-se. Arruma-se uma viagem para a Europa com o intuito de encobrir a nova situação, que levantaria muita polêmica. O protagonista retorna sozinho ao Brasil e se torna, pouco a pouco, o amargo Dom Casmurro. Capitu morre no exterior e Ezequiel tenta reatar relações com ele, mas a semelhança extrema com Escobar faz com que Bento Santiago o rejeite novamente. O destino de Ezequiel é infeliz: ele morre de febre tifóide durante uma pesquisa arqueológica em Jerusalém.
Triste e nostálgico, o narrador constrói uma casa que imita sua casa de infância, na rua de Matacavalos. O próprio livro é também uma tentativa de recuperar o sentido de sua vida. No fim, o narrador parece menosprezar um pouco a própria criação. Convence-se de que o melhor a fazer agora é escrever outra obra sobre "a história dos subúrbios".
As personagens principais são:
Capitu: "criatura de 14 anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo,... morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo... calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos". Personagem que tem o poder de surpreender: "Fiquei aturdido. Capitu gostava tanto de minha mãe, e minha mãe dela, que eu não podia entender tamanha explosão". Segundo José Dias, Capitu possuía "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", mas para Bentinho os olhos pareciam "olhos de ressaca"; "Traziam não sei que fluido misterioso e energético, uma força que arrastava para dentro, com a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca". A personagem nos é pintada leviana, fútil, a que desde pequena só pensa em vestidos e penteados, a que tinha ambições de grandeza e luxo. Foi comparada, certa vez pela crítica, como a aranha que devora o macho depois de fecundada. Inteligente, prática, de personalidade forte e marcante (ela era muito mais mulher do que Bentinho, homem), Capitu acaba se tomando a dona do romance: forma, inicialmente, com o narrador, um “duo terníssimo” e, depois, possa a constituir o centro do drama do protagonista masculino, com a entrada em cena de Escobar (“trio") e de Ezequiel (“quattuor”).
Bentinho: também protagonista, que ocupa uma postura de anti-herói. Não pretendia ser padre como determinara sua mãe, mas tencionava casar-se com Capitu, sua amiga de infância. Um fato interessante é que os planos, para não entrar no seminário, eram sempre elaborados por Capitu. É o narrador e pseudo-autor da obra. Na velhice, momento da narração, era um homem fechado, solitário e triste. As lembranças de um passado triste e doloroso tornaram-no um indivíduo de poucos amigos. Desde menino, foi sempre mimado pela mãe, pelo tio Cosme, por prima Justina e pelo agregado José Dias. Essa super-proteção tornou-o um indivíduo inseguro e dependente, incapaz de tomar decisões por conta própria e resolver seus próprios problemas. Essa insegurança foi, sem dúvida, o fato gerador dos ciúmes da suspeita de adultério que estragaram sua vida. O perfil do protagonista masculino pode ser acompanhado em três fases distintas: Bentinho, Dr. Bento Fernandes Santiago e Dom Casmurro. Bentinho revela-se uma criança/adolescente marcado pela timidez, sem muita iniciativa e bastante dependente da mulher. Tinha uma imaginação fertilíssima, como no capitulo XXIX (O Imperador). Levado para o seminário para ser padre (promessa da mãe - D. Glória), quando trava amizade com Escobar, Bentinho, com ajuda de J Dias, abandona a carreira sacerdotal e ingressa na Faculdade de Direito, em São Paulo. Formado aos vinte e um anos, ele é agora o Dr. Bento F. Santiago, bem posto na vida, financeiramente rico (riqueza muito mais de herança do que de trabalho), casado e feliz com Capitu, quando canta na ópera da vida um “duo terníssimo”. Depois, surge o filho (Ezequiel) e começam a aparecer os problemas.
 Personagens
Bentinho (Bento Santiago): o narrador-personagem que conta suas memórias, membro da elite carioca do século XIX.
 Capitu (Capitolina): grande amor de Bentinho, personagem de origem pobre, mas independente e avançada.
 Escobar: o melhor amigo de Bentinho, a quem conheceu quando estudaram juntos no seminário.
 Dona Sancha: mulher de Escobar, ex-colega de colégio de Capitu.
 Dona Glória: mãe de Bentinho, adora o filho e é também muito religiosa. Quer que o garoto se ordene padre como cumprimento de uma promessa que fez.
 José Dias: agregado que vive de favores na casa de dona Glória. Suposto médico, tem o hábito de agradar aos proprietários da casa com o uso de superlativos.
 Tio Cosme: irmão de dona Glória, viúvo e advogado.
 Prima Justina: prima de dona Glória, que, segundo o narrador, não tinha papas na língua.
 Pedro de Albuquerque Santiago: pai de Bentinho, faleceu quando o filho ainda era muito pequeno.
 Senhor Pádua e Dona Fortunata pais de Capitu, que viam no possível casamento da filha com Bentinho uma possibilidade de ascensão social.
 Ezequiel: filho de Capitu, sobre o qual o narrador sustenta forte dúvida quanto à paternidade, pois o garoto tinha grande semelhança física com Escobar.
 As personagens secundárias são descritas pelo narrador:
Dona Glória: mãe de Bentinho, que desejava fazer do filho um padre, devido a uma antiga promessa, mas, ao mesmo tempo, desejava tê-lo perto de si, retardando a sua decisão de mandá-lo para o Seminário. Portanto, no início encontra-se como opositora, tornando-se depois, adjuvante.
Tio Cosme: irmão de Dona Glória, advogado, viúvo, "tinha escritório na antiga Rua das Violas, perto do júri... trabalhava no crime"; "Era gordo e pesado, tinha a respiração curta e os olhos dorminhocos". Ocupa uma posição neutra: não se opunha ao plano de Bentinho, mas também não intervinha como adjuvante.
José Dias: agregado, "amava os superlativos", "ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo... nos lances graves, gravíssimo", "como o tempo adquiriu curta autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo", "as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole". Tenta, no início, persuadir Dona Glória a mandar Bentinho para o Seminário, passando-se, depois, para adjuvante. Vestia-se de maneira antiga, usando calças brancas engomadas com presilhas, colete e gravata de mola. Teria cinqüenta e cinco anos. Depois de muitos anos em casa de D. Glória, passou a fazer parte da família, sendo ouvido pela velha senhora. Não apenas cuidava de Bentinho como o protegia de forma paternal.
 Prima Justina (prima de Dona Glória): Parece opor-se por ser muito egoísta, ciumenta e intrigante. Viúva, e segundo as palavras do narrador: "vivia conosco por favor de minha mãe, e também por interesse", "dizia francamente a Pedro o mal que pensava de Paulo, e a Paulo o que pensava de Pedro".
 Pedro de Albuquerque Santiago: falecido, pai de Bentinho. A respeito do pai o narrador coloca: "Não me lembro nada dele, a não ser vagamente que era alto e usava cabeleira grande; o retrato mostra uns olhos redondos, que me acompanham para todos os lados..."
 Sr. Pádua e Dona Fortunata: pais de Capitu. O primeiro, "era empregado em repartição dependente do Ministério da Guerra" e a mãe "alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros". Jamais se opuseram à amizade de Capitu e Bentinho.
 Padre Cabral: personagem que encontra a solução para o caso de Bentinho; se a mãe do menino sustentasse um outro, que quisesse ser padre, no Seminário, estaria cumprida a promessa.
 Escobar: amigo de Bentinho, seminarista, "era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos,... como tudo". Ezequiel Escobar foi colega de seminário de Bentinho e, como este, não tinha vocação para o sacerdócio. Melhor amigo de Bentinho. Gostava de matemática e do comércio. Quando saiu do seminário, conseguiu dinheiro emprestado de D. Glória para começar seu próprio negócio. Casou com Sancha, melhor amiga de Capitu. Morreu afogado depois de enfrentar a ressaca do mar.
Sancha: companheira de Colégio de Capitu, que mais tarde casa-se com Escobar.
 Ezequiel: filho de Capitu e Bentinho. Tem o primeiro nome de Escobar. Quando pequeno, imitava as pessoas. Vai para a Europa com a mãe, estudou antropologia e mais tarde volta ao Brasil para rever o pai. Morre na Ásia de febre tifóide perto de Jerusalém. 

sábado, 29 de novembro de 2014

O CORTIÇO - ALUÍSIO AZEVEDO


                                     O CORTIÇO
                                                                                          
Resumo
O livro narra inicialmente a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, ele explora os empregados e se utiliza até do furto para conseguir atingir seus objetivos. João Romão é o dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso.

Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal. Não havendo consenso, há o rompimento provisório de relações entre os dois.

Com inveja de Miranda, que possui condição social mais elevada, João Romão trabalha ardorosamente e passa por privações para enriquecer mais que seu oponente. Um fato, no entanto, muda a perspectiva do dono do cortiço. Quando Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, frequentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa.

No cortiço, paralelamente, estão os moradores de menor ambição financeira. Destacam-se Rita Baiana e Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade. Um exemplo de como o romance procura demonstrar a má influência do meio sobre o homem é o caso do português Jerônimo, que tem uma vida exemplar até cair nas graças da mulata Rita Baiana. Opera-se uma transformação no português trabalhador, que muda todos os seus hábitos.

A relação entre Miranda e João Romão melhora quando o comerciante recebe o título de barão e passa a ter superioridade garantida sobre o oponente. Para imitar as conquistas do rival, João Romão promove várias mudanças na estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos. 

O cortiço todo também muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila João Romão.

O dono do cortiço aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, que, percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado. 

Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denuncia a seus donos como escrava fugida. Em um gesto de desespero, prestes a ser capturada, Bertoleza comete o suicídio, deixando o caminho livre para o casamento de Romão.
Personagens
Os personagens da obra são psicologicamente superficiais, ou seja, há a primazia de tipos sociais. Os principais são:
João Romão: taverneiro português, dono da pedreira e do cortiço. Representa o capitalista explorador.
Bertoleza: quitandeira, escrava cafuza que mora com João Romão, para quem ela trabalha como uma máquina.
Miranda: comerciante português. Principal opositor de João Romão. Mora num sobrado aburguesado, ao lado do cortiço.
Jerônimo: português “cavouqueiro”, trabalhador da pedreira de João Romão, representa a disciplina do trabalho.
Rita Baiana: mulata sensual e provocante que promove os pagodes no cortiço. Representa a mulher brasileira.
Piedade: portuguesa que é casada com Jerônimo. Representa a mulher europeia.
Capoeira Firmo: mulato e companheiro que se envolve com Rita Baiana.
Arraia-Miúda: representada por lavadeiras, caixeiros, trabalhadores da pedreira e pelo policial Alexandre.
Sobre o autor Aluísio de Azevedo
Aluísio de Azevedo nasceu em São Luís, Maranhão, em 14 de abril de 1857. Após concluir seus estudos na terra natal, transfere-se em 1876 para o Rio de Janeiro, onde prossegue seus estudos na Academia Imperial de Belas-Artes. Começa, então, a trabalhar como caricaturista para jornais. 

Com o falecimento do pai em 1879, Aluísio de Azevedo retorna ao Maranhão para ajudar a sustentar a família, época em que dá início à carreira literária movido por dificuldades financeiras. Assim, publica em 1880 seu primeiro livro, Uma lágrima de mulher. Com a questão abolicionista ganhando cada vez mais espaço no final do século XIX, publica em 1881 o romance "O mulato", obra que inaugurou o Naturalismo no Brasil e que escandalizou a sociedade pelo modo cru com que trata a questão racial. Devido ao sucesso que a obra obteve na corte, Aluízio volta à capital imperial e passa a exercer o ofício de escritor, publicando diversos romances, contos e peças de teatro.

Em 1910 instala-se em Buenos Aires trabalhando como cônsul e vem a falecer três anos depois nessa mesma cidade em 21 de janeiro de 1913.

Suas principais obras são: "O mulato" (1881), "Casa de pensão" (1884) e "O cortiço" (1890).

O Crime do Padre Amaro - Eça de Queiros

O CRIME DO PADRE AMARO
Resumo

O Crime do Padre Amaro, obra do escritor português Eça de Queirós publicada em 1875 faz, através de sua narrativa, uma direta crítica à vida hipócrita do clero e da sociedade burguesa.

Após a morte do pároco José Miguéis, foi transferido para Leiria um padre jovem chamado Amaro Vieira. Aconselhado pelo cônego Dias, seu mestre de moral no seminário, Amaro foi instalar-se na casa da D. Joaneira. À noite na casa, havia encontros entre beatos e o clero, marcados por jantares, músicas, conversas, jogos e discussões sobre fé. É nesse cenário que padre Amaro encanta-se por Amélia, uma jovem muito bonita e passam a trocar olhares, despertando o ciúme de João Eduardo, noivo da moça.

O narrador, através de uma retrospectiva, conta que Amaro ingressou no seminário aos 15 anos, por obediência a sua tia que lhe criara com os preceitos cristãos. Porém, não era esse o seu desejo. Desejava mesmo era estar com uma mulher, chegando até associar a imagem de Nossa Senhora a uma, sentindo desejo por ela. Sendo assim, não por vocação e mais por comodismo, Amaro tornara-se padre. Em Leiria, rezava missas por costume, mas seu pensamento e sua ocupação era Amélia.

O primeiro contato físico entre o casal aconteceu numa fazenda da família; Amaro beijou o pescoço de Amélia, e ela saiu correndo. Amaro, com receio de se envolver mais intimamente e todos descobrirem, resolveu se mudar para outra casa. Enciumado pelas visitas de padre Amaro, o então noivo de Amélia escreveu o comunicado “Os modernos fariseus”, onde fez várias acusações contra os padres, inclusive mencionou que o padre Amaro estaria se envolvendo com uma “donzela inexperiente”. Após isso, o pároco aconselhou que Amélia desfizesse seu noivado, pois João Eduardo não seria digno. João Eduardo fica sem emprego e, revoltado, dá um soco no jovem padre.

Amaro volta a frequentar as reuniões na casa de D. Joaneira e se aproximar de Amélia, sem os olhos enciumados de João Eduardo. Numa oportunidade, voltando de uma visita à casa do cônego que estava doente, os dois param na casa do padre e tem ali sua primeira noite de amor. Dionísia, criada, aconselha ao padre a se encontrar com a jovem na casa do sineiro, onde seria mais discreto. Para o sineiro Tio Esguelhas, Amaro disse que Amélia queria se tornar freira e que ele iria ajuda-la nessa missão. Para a família, Amélia iria ajudar a Totó nas lições religiosas. Os dois passam então a se encontrar várias vezes na semana. Ela começa a sentir-se culpada, mas não recusa o padre. Amélia acaba ficando grávida. Aconselhado pelo cônego, a primeira saída seria casa-la com João Eduardo. Este, porém, tinha vindo para o Brasil. A alternativa é então mandar Amélia junto a D. Josefa, que estava doente, ao interior até chegar a hora do parto. Quando a hora chegou, Amaro entregou a criança a uma família que tem a fama de matar as crianças que lhe são entregues. E a criança realmente morre. Amélia não suporta ficar longe do filho, acaba também por morrer. Padre Amaro, sem saber o que fazer e tentando fugir dos acontecimentos, muda-se da cidade. Depois de algum tempo, encontra-se casualmente com o cônego Dias e afirma que “tudo passa”.

Contexto Sobre o autor
José Maria de Eça de Queirós nasceu em 1845, em Portugal. É considerado um dos mais importantes escritores portugueses. Quando criança, ficou internado num colégio da cidade do porto. Quando adulto, formou-se em Direito, e além de advogado, foi também jornalista. Em sua época, foi o primeiro grande escritor português a conquistar reconhecimento internacional.

Importância do livro
O Crime do Padre Amaro é a maior obra do escritor Eça de Queirós. Sua publicação marca o início do Realismo português e é considerada por muitos a melhor obra do movimento.  Devido a denúncia de corrupção dos membros da igreja e a discussão sobre a quebra do celibato, sofreu perseguições da Igreja Católica.

Período histórico
Na segunda metade do século XIX, Portugal passava por grandes transformações; não apenas sociais, mas também filosóficas. Eça teve assim uma grande influência do positivismo de Comte. No literário, o social passa a ser discutido, analisado, deixando de lado a visão romântica voltada para o eu. O principal, agora, passa a ser a discussão dos problemas sociais.

Análise
O narrador da obra é pronunciado em terceira pessoa e onisciente. Ou seja, ele conhece o sentimento e as ações dos personagens da trama em seu íntimo. É capaz de dizer o que estão sentindo e pensando os personagens de acordo com os acontecimentos. O narrador nessa obra chega até a impor qualidades ao clero e às beatas através de adjetivos muitas vezes rudes, como é o caso de Ruça, que era denominada pelo narrador como “idiota”. 

Deixando de lado os chamados de “romances de entretenimento”, que se baseavam em discutir questões pessoais e amores subjetivos, surgem os chamados “romances de tese”, pertencendo ao movimento do Realismo, como é o caso do livro O Crime do Padre Amaro. Sendo assim, a obra põe em questão discussões políticas e sociais, como o atrelamento entre os interesses do clero e o envolvimento político. Por exemplo, Amaro conseguiu a transferência para Leiria por indicação da condessa de Ribamar, filha da senhora que cuidou dele quando criança. A obra, influenciada também pelo naturalismo, revela que os modelos comportamentais são justificados em sua maior parte pelo meio. Assim, todo comportamento tem um motivo. Padre Amaro, ao se deixar levar por desejos carnais e quebrar o celibato, estava correspondendo ao meio em que vive, já que descobriu que seu antigo mestre também tinha um caso secreto. Além disso, o instinto sexual era algo intrínseco ao ser humano, com isso, pertencente aos padres, inclusive.

Sendo assim, padre Amaro não é visto no livro como um culpado, e sim como um sujeito que não possui escolhas. Por exemplo, ele não tinha escolha em relação à entrada no seminário; era um pedido, senão uma ordem, de sua tia. Respondendo aos seus instintos que desde criança já afloravam juntos a suas amas de criação e que perpetuava até no seminário, ele não tinha alternativa a não ser se envolver com uma jovem tão bonita como Amélia. Ele é sujeito do meio em que vive. Quando Amaro entrega a criança a uma “tecedeira de anjos”, sabendo que a criança tinha muitas chances de morrer, ele não tinha outra escolha, segundo sua visão. Mesmo após se arrepender e tentar recuperar a criança retornando à casa, ao se deparar que tudo já estava feito, o arrependimento torna-se momentâneo, passando com o decorrer do tempo.
Personagens
Amaro: Personagem principal que tem seu nome no título do livro. Vai pro seminário aos 15 anos, a mando de sua tia. Acostuma-se com a vida de padre pelas facilidades e pelo status. Envolve-se com Amélia.
Amélia: moça de família com 24 anos. Era noiva de João Eduardo. Porém, apaixona-se pelo padre Amaro, mantendo o relacionamento em segredo. Fica grávida, e após o nascimento do filho, tiram ele dela. Não suportando, Amélia falece.
Cônego Dias: mestre de moral e Amaro, no seminário. Possui um relacionamento secreto com D. Joaneira. Descobre a relação de Amélia com Amaro e ajuda a Amaro a buscar soluções para esconder a gravidez de Amélia.
D. Joaneira: mãe de Amélia, tem uma relação com o cônego Dias. Hospeda o padre Amaro em sua pensão.
D. Josefa: irmã do cônego Dias. Fez Amélia desistir do casamento com João Eduardo por ele ser um herege. Ao ficar doente, vai com a Amélia grávida para o interior, acreditando que Amélia estaria grávida de um homem casado.
Ruça: era criada na casa de D. Joaneira.
Libaninho: beato que fazia muitas fofocas.
Dr. Godinho: dono do jornal que João Eduardo publicou seu comunicado.
Dr. Gouveia: médico respeitado na cidade. Cuidou de Amélia desde criança e, quando ela ficou grávida, ajudou no seu parto.
Dionísia: criada de Amaro. Descobre o envolvendo dos dois e acoberta. Ajuda na hora do parto de Amélia e dá ideias para o padre Amaro com quem deixar a criança.
Tio Esgelhas: sineiro. É o dono da casa onde Amélia e Amaro se encontravam. Pai de Totó.
Totó: paralítica que Amélia fingia que lhe ensinava. Odiava Amélia e era apaixonada não declaradamente por Amaro.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Vozes verbais

As vozes verbais indicam a relação entre o sujeito e a ação expressa pelo verbo. Em português, o verbo se distribui em três vozes:

- Voz ativa: quando o sujeito pratica a ação, logo é um sujeito agente.
Ex: A criança   alimentou   o gato.
          Sujeito     verbo ativo       objeto
No exemplo dado, a criança (sujeito) pratica a ação.

- Voz passiva: quando o sujeito sofre a ação verbal, logo é um sujeito paciente.
Ex: O gato   foi alimentado   pela criança.
         sujeito         verbo passivo         agente
No exemplo dado, o animal (sujeito) recebe a ação.

Há dois tipos de voz passiva:

a) Voz passiva sintética: formada por verbo transitivo na terceira pessoa mais o pronome apassivador se.
Ex: Vende         -se          apartamento.
     verbo na          pronome    sujeito
  terceira pessoa   apassivador


b) Voz passiva analítica: formada pelo verbo auxiliar (ser ou estar) mais o particípio de um verbo transitivo.
Ex: A menina   foi penteada   pelo pai.
          sujeito        locução verbal    agente

- Voz reflexiva: quando o sujeito pratica e ao mesmo tempo recebe a ação. A voz reflexiva apresenta a seguinte estrutura: verbo na voz ativa + pronome oblíquo exercendo a função de objeto.
Ex: A menina    penteou    -se (a si mesma).
        sujeito             verbo       pronome oblíquo o.d.


DOSTOIÉVSKI





Fiódor Mikhailovich Dostoiévski (em russo Фёдор Миха́йлович Достое́вский, AFI [ˈfʲodər mʲɪˈxajləvʲɪtɕ dəstɐˈjɛfskʲɪj]; Moscovo, 30 de Outubro  11 de Novembro de 1821São Petersburgo, 28 de Janeiro  9 de Fevereiro de 1881) – ocasionalmente grafado como Dostoievsky – foi um escritor russo, considerado um dos maiores romancistas da literatura russa e um dos mais inovadores artistas de todos os tempos.É tido como o fundador do existencialismo, mais frequentemente por Notas do Subterrâneo, descrito por Walter Kaufmann como a "melhor proposta para existencialismo já escrita.”
A obra Dostoievskiana explora a autodestruição, a humilhação e o assassinato, além de analisar estados patológicos que levam ao suicídio, à loucura e ao homicídio: seus escritos são chamados por isso de "romances de ideias", pela retratação filosófica e atemporal dessas situações. O modernismo literário e várias escolas da teologia e psicologia foram influenciadas por suas ideias.
Dostoiévski logrou atingir certo sucesso com seu primeiro romance, Pobre Gente, que foi imediatamente muito elogiado pelo poeta Aleksandr Nekrassov e por um dos mais importantes críticos da primeira metade do século XIX, Vladimir Belinski. Porém, o escritor não conseguiu repetir o sucesso até o retorno à Sibéria, quando escreveu o semibiográfico Recordações da Casa dos Mortos, sobre a prisão que sofrera. Posteriormente sua fama aumentaria, principalmente graças a Crime e Castigo.
Seu último romance, Os Irmãos Karamazov, foi considerado por Sigmund Freud como o melhor romance já escrito.Segundo o biógrafo Nicholas Berdiaiev, a obra dostoievskiana vem atingindo grande popularidade no Brasil por causa de "[…][suas] características muito próximas do brasileiro", e salienta que "(a obra de Fiódor)é marcada pelo anticapitalismo, por uma reação ao capitalismo selvagem, algo que parece tocar o leitor brasileiro hoje. A obra de Dostoiévski exerce uma grande influência no romance moderno, legando a ele um estilo caótico, desordenado e que apresenta uma realidade alucinada.

Crime e Castigo

Crime e Castigo (em russo, Преступле́ние и наказа́ние, Prestuplênie i nakazánie) é um romance do escritor russo Fiódor Dostoiévski publicado em 1866. Narra a história de Rodion Românovitch Raskólnikov, um jovem estudante que comete um assassinato e se vê perseguido por sua incapacidade de continuar sua vida após o delito.
O livro/romance se baseia numa visão sobre religião e existencialismo com um foco predominante no tema de atingir salvação por sofrimento, sem deixar de comentar algumas questões do socialismo e niilismo.
Os flagrantes traços autobiográficos, como a adoração pela mãe, o vício do jogo (O Jogador) e a fidelidade psicológica, bem como os traços estilísticos do autor, colocaram esta obra, entre as maiores da história da literatura universal e, certamente, junto com Os Irmãos Karamazov, garantiram a Fiódor Dostoiévski a posição de maior escritor russo da história em conjunto com Lev Tolstoy.

 Enredo

O personagem principal, apesar de ex-estudante de Direito, é um homem extremamente pobre e que vive angustiado pela sombra de fazer algo importante. Ele divide os indivíduos em ordinários e extraordinários, numa tentativa de explicar a quebra das regras em prol do avanço humano. Seguindo esse preceito, o personagem planeja e concretiza, em meio a uma luta com sua consciência, a morte de uma agiota.
Antes de fugir da cena do crime, porém, Raskólnikov também comete, a contragosto, levado apenas pela situação de surpresa, o assassinato de Lizavéta, irmã da velha agiota, pois ela havia aparecido no local inopinadamente.
Raskólnikov rouba algumas joias, mas não chega a usufruir desse ganho e, sentindo-se arrependido, enterra-as sob uma pedra.
Após tal fato e seus desfechos, o romance relata de maneira detalhista os dramas psicológicos sofridos pelo autor do homicídio.
Diversas histórias se desenvolvem de maneira paralela à principal, entre elas um romance da irmã do personagem Raskólnikov e as relações do protagonista com Sônia, filha de um funcionário público a quem ele doou dinheiro.
Apesar de investigar Raskólnikov, a polícia termina por prender um inocente que se intitulou culpado devido à pressão que sofria. Entretanto, o personagem por fim confessa o crime que cometera. A confissão deveu-se, principalmente, à enorme influência de Sônia, que, antes disso, compartilha com Raskólnikov a descrição da ressurreição de Lázaro, contida no Novo Testamento.

Por fim, Raskólnikov é preso. Porém, devido à sua confissão, arrependimento e falta de antecedentes criminais, sua pena acaba por ser reduzida a oito anos em uma cadeia na Sibéria. Durante tal período, Sônia, personagem que a partir de certo momento segue Raskólnikov em todas as situações, manteve-se muito presente, servindo até mesmo de mensageira a sua família em São Petesburgo.

Saudades filho! te amo eternamente

To Christopher,





                Dude, what do you know about me, you ended the life of my mother who has since what happened been treated for depression, I need to tell you she loved me very much; you also stole the joy from my father, and left him destroyed, finished, aged; and I've always said he was a father with a young guy’s face and you have destroyed the lives of my children who were everything to me, you got me out of their lives in such a cowardly and cruel way. Who will do what I should do for them if you put yourself in          God's place and steal my life like and owned it, Dude you are a destructive hero, you always knew that I was never a threat to you and know this very well, I was an easy prey in your hands with a gun, and you destroyed it all, why? And yet no man was to do what you did, just with my family my dreams, my life projects, all these dreams; but it was much more.
You caused unbelievable pain on a huge amount of people; because if you do not know, I tell you, even though I have faults like everyone else, I had many people who loved me very much and are still suffering in an unbelievable way, not only for my death, BUT MAINLY FOR YOUR cowardice in not taking your criminal act with a gun on your  hand; if you do not know, I tell you, I was always very careful when walking with someone at the wheel, I could not walk without a belt, not ride with whoever was driving too fast, except on the day you cowardly killed me, because I wanted to escape, because I knew your reputation as a ruthless, not walk, nor entered a car with a driver who had been drinking, he was my best friend; I did everything not to get involved in an accident; but on that day you got me involved in an accident with a thirst for killing you involved me in the jaws of death; and if you still pretend he is not with you, I'll say: I DIED BECAUSE YOU DECIDED TO USE YOUR GUN SO IRRESPONSIBLE, CRIMINAL AND WITHOUT ANY LOVE FOR LIFE, THIS IS WHY I DIED FOR YOUR SOLE AND EXCLUSIVE GUILT, BEEN YOU, CHISTOFER THAT KILLED ME.
So do not forget, I will never be able to visit my parents, the beautiful and gorgeous BRAZIL, where I lived my adolescence, AND THAT IS YOUR FAULT, remember that. Graduations I will not participate of my children, and be able to have a beautiful birthday party of my children with all my friends and relatives.
I will no longer have dream of my apartment in New York, and there do incredible shopping and live intensely, AND THAT'S YOUR FAULT, remember that.
I will no longer be a Lawyer, my cherished dream, and no longer will I be able to read my favorite books, and even listen to my music; I will not hear my "Old Rock n’ Roll", as I called him intimately. AND THAT'S YOUR FAULT, remember that.
I will no longer have my beautiful little daughter, LETICIA, nor my dear and lovely little boy, DANIEL. (do not ask me why the name) AND THAT'S YOUR FAULT, remember that.
I will no longer take a good wine with my friends, and even pop a Champanhepra celebrate my victories, AND THAT'S YOUR FAULT.
I will make no more birthdays, and even do my birthday 26 years and earn gifts and kisses from my children.
My greatest desire is that there be a judge in UNITED STATES OF AMERICA, that looks my cause and do justice before the heavenly father, the love I have for my children,
So much that I'll ever have, and that my relatives and friends also cannot live with me, so much pain and suffering you have caused all of them, AND THAT'S YOUR FAULT, remember that. "
André Luis De Castro Martins
PS: By his mom Romi M C Martins


sexta-feira, 21 de novembro de 2014

OS VERBOS DE LIGAÇÃO



OS VERBOS DE LIGAÇÃO

 Os verbos de ligação servem apenas para estabelecer uma união entre duas palavras ou expressões nominais (substantivos, adjetivos, pronomes). Daí o nome verbo de ligação.
=•> Larissa é bonita.
Nessa frase a declaração principal a cerca do sujeito "Larissa" está no adjetivo "bonita", e não no verbo. O verbo [é] não tem um sentido definido, não traduz uma ação, limita-se apenas a ligar "bonita" a "Larissa". Portanto, a função principal do verbo é ligar uma qualidade, um estado, uma classificação ao sujeito:
=•> Os alunos estavam entusiasmados.
=•> O rapaz ficou magoado.
=•> Aquele animal parece um dinossauro.
Os verbos de ligação podem expressar um estado do sujeito:
1. Permanente (ser): A mesa é de mármore.
2. Transitório (estar, achar-se): O mar estava agitado.
3. Aparente (parecer): Os olhos pareciam verdes.
4. Continuidade de estado (ficar, continuar, persistir, permanecer): O rapaz permanecia calado.
5. Mudança de estado (ficar, tornar-se, acabar): A vida tornou-se insuportável.
Exemplos práticos:
Pedro é doente. (estado permanente)
Pedro está doente. (estado transitório)
Pedro permanece doente. (continuidade de estado)
Pedro continua doente. (continuidade de estado)
Pedro ficou doente. (mudança de estado)
Pedro parece doente. (estado aparente)
► O adjetivo doente é, na realidade, o predicado e o núcleo do predicado; contudo, recebe particularmente o nome de predicativo do sujeito.
► O predicativo do sujeito pode ligar-se ao sujeito por meio de verbos que substituam o verbo de ligação: Todos andam (estão) apreensivos. / Ele se acha (está) acamado.
► Uma maneira prática de se identificar o verbo de ligação é excluí-lo da oração e observar se nesta continua a existir uma unidade significativa: Minha namorada  está atrasada. => Minha namorada atrasada.
São, habitualmente, verbos de ligação: ser,  estar, ficar, parecer, permanecer, continuar, tornar-se, achar-se, acabar.

SEMÂNTICA

Ao falar em Semântica, torna-se necessário que entendamos o seu real significado. A mesma relaciona com o significado estabelecido pelas palavras dentro de um contexto linguístico.

Para melhor entendermos, analisemos estas orações:

Adoro doce de leite.
Aquela menina é um doce de pessoa.

Percebemos que na segunda oração, a palavra doce não é entendida no seu sentido literal, como na primeira. O adjetivo tem o sentido de uma pessoa meiga, amável, carismática.

Especificamente falando sobre as preposições, é importante sabermos que elas fazem parte das dez classes gramaticais e que possuem a função de ligar termos dentro de uma oração.

As mesmas também estabelecem relações semânticas entre o termo regente (aquele que pede a preposição) e o termo regido (aquele que completa seu sentido). Por isso vejamos uma relação em que há esta ocorrência:

Peguei o livro do professor com o compromisso de devolvê-lo amanhã - Valor semântico de posse.

As esculturas de cerâmica fizeram o maior sucesso durante a exposição - Matéria

Estudar com os amigos é muito mais proveitoso - Companhia

O conhecimento é a chave para o sucesso - Finalidade

Fiz o trabalho conforme você sugeriu - Conformidade

Falamos sobre Machado de Assis durante a apresentação do seminário - Assunto

O garoto se feriu com a faca - Instrumento

Aguardávamos com ansiedade o resultado do concurso - Modo

O cachorro morreu de uma epidemia desconhecida - Causa

A plateia protestou contra o alto preço da mensalidade - Oposição

O orientador estipulou um prazo de vinte dias para a entrega da tese de dissertação - Tempo

Conheci uns amigos de Fortaleza - Origem

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

INFÂNCIA FELIZ

Crônica
Infância Feliz
Infância Feliz
by Romi Mari

E de repente o ar gelado da manhã de inverno  rasga-se pelos sinos da Igreja Matriz. Desde pequenininha convivendo com o mesmo som, não deveria mais me impressionar com ela. E contudo me recordo e me  surpreeendo em cada nota, como se fosse a primeira vez que a ouvisse.

O sino chama para a missa em julho,o auge do inverno, na cidadezinha do interior, na qual nasci, e eu fico imaginando que pessoas quando ouvem o sino atendem perfeitamente ao seu chamado. O pecador que vai se aliviar de suas culpas no confessionário? E eu uma menina que se prepara para a primeira comunhão, teria que passar por este confessionário, olhei assustada, Nossa! que fila enorme, as pessoas na fila devem ter muitos pecados, pensei. Ou a maioria da fila mulheres que se confessam o fazem apenas porque este é o seu hábito dominical?

Conheci a Matriz quando menininha. Era a mais completa, a mais linda, que já vi em toda minha vida, As paredes eram expostas por tijolos rústicos. Havia tumbas de bispos e arcebispos. No lugar onde hoje está a cúpula, uma cobertura branca e provisória atraía pássaros – e sua música se confundia com a do coral.

Outra lembrança inesquecível é a das solenidades da Semana Santa. A liturgia era cantada pelo coral das freiras – o Havia o aroma do incenso, a litania entoada a capricho, o diálogo sagrado que se estabelecia entre os cantores.

Singularmente, no entanto, a maior sensação de paz que eu vivia, na missa de domingo das 8h da manhã, ia sempre com minha mãe, a minha preferida, era a da tranquilidade emanada do dever cumprido. Era obrigatório ir à missa? SIM, era. Era  obrigatório  participar dos cantos e orações coletivos e das liturgias. E tudo isso me transmitia um sentimento de serenidade e de dever cumprido que não tinha preço.

Não pensem que eu não me distraía com as comemorações eventuais. Sim as distrações eram constantes, que muitas vezes tinha dificuldade para perceber em que parte da missa estávamos, Não creiam que não me chamava a atenção um garoto de rosto bonito. Não acreditem que eu me postasse alheio a um belo homem.

Mas tudo isso fazia parte do espetáculo – a missa sagrada que se desenrolava à minha frente. Era um teatro, com seus rituais e seus dogmas – e era preciso apreciá-la com unção.

Hoje! NÃO vou à missa. O fim do rito subjugou minha fé. Prefiro ir à um culto evangélico.Mas não esqueço da minha linda época em que a MATRIZ de São Lourenço  era minha vida integralmente.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

POESIA E VERSIFICAÇÃO

Poesia e Versificação
Professora: Romi M C Martins

Prosa e Poesia
A composição poética pode assumir duas formas: a prosa e a poesia
.Prosa: é a linguagem direta, usual, o veículo comum de comunicação do pensamento. Nela predomina a denotação.
Poesia: é a linguagem subjetiva, emotiva, que representa  um  certo ritmo. Nela há predominância da linguagem figurada, da conotação.
É muito difícil definir poesia. Para a maioria, trata-se de uma criação rítmica e melódica, de conteúdo emotivo e lírico. Portanto, pode existir poesia mesmo num texto em prosa.
Segundo Hênio U.C. Tavares, em seu livro Teoria Literária:
“A poesia pode estar contida numa linguagem versificada ou em prosa. Quando ocorre a segunda oportunidade, dá-se o poema em prosa ou prosa poética. De um modo geral, haverá prosa poética quando ocorrerem as seguintes característica:
a)     Conteúdo lírico ou emotivo;
b)     Recriação lírica da realidade;
c)      Utilização artística do poético;
d)     Linguagem conotativa.
Versificação
Versificação é a arte de fazer versos.
Verso é a unidade rítmica de um poema. Corresponde a uma linda de uma estrofe.
Estrofe é o agrupamento de versos.
Poema é o agrupamento de estrofes ou versos. Pode, também, haver poemas de apenas uma estrofe.
Métrica é a medida do verso (quantidade de sílabas poéticas)
Escansão é a contagem das sílabas poéticas, que diferem das sílabas gramaticais.
As sílabas poéticas ou métricas não se contam da mesma maneira que as sílabas gramaticais.
Observe:
As sílabas gramaticais, formadoras das palavras que usamos na linguagem comum, não são as mesmas que as sílabas métricas (ou poéticas), e por vezes não coincidem.
Veja o exemplo:
Sílabas gramaticais          Mi          nha        ter          ra            tem       pal          mei        ras
Nº de sílabas     1             2             3             4             5             6             7             8
Sílabas métricas               Mi          nha        ter          ra            tem       pal          mei *    ras
Nº de sílabas     1             2             3             4             5             6             7             X
* última sílaba tônica
Como você pôde observar, o número de sílabas métricas e gramaticais não coincidiu. As regras básicas para a contagem de sílabas métricas são:

a)     Só se contam as sílabas até a última sílaba tônica de cada verso.

b)     Havendo encontro de vogais, em palavras diferentes, elas podem fundir-se numa sílaba somente. É o caso da elisão.
Escandir ou fazer a escansão dos versos é indicar suas sílabas métricas e seus acentos. Veja a escansão que fizemos: observe as sílabas tônicas predominantes do verso – 3ª e 7ª – e as elisões que aparecem.
1             2             3             4             5             6             7             8
Em         cis           mar        so           zi             nho a    noi         te
Mais      pra         zer         en          con        tro eu   lá           
Mi          nha        ter          ra            tem       pal          mei        ras
On          de          can         ta o        sa           bi            á            
O número de sílabas métricas em cada verso depende da vontade do poeta. Geralmente vão de uma sílaba (muito raro) até doze sílabas.
Uma sílaba         Monossílabos
Duas sílabas       Dissílabos
Três sílabas        Trissílabos
Quatro sílabas   Tetrassílabos
Cinco sílabas      Pentassílabos ou redondilha menor(com acentos na 2ª e 5ª)
Seis sílabas         Hexassílabos (com acentos na 2ª e 6ª sílabas)
Sete sílabas        Heptassílabos ou redondilha maior(com acentos na 3ª e 5ª)
Oito sílabas        Octossílabos ou sáficos(com acentos na 4ª e 8ª)
Nove sílabas      Eneassílabos ou jâmbicos(com acentos na 3ª, 6ª e 9ª)
Dez sílabas         Decassílabos(com acentos na 6ª e 10ª)
Onze sílabas      Hendecassílabos ou datílicos(com acentos na 2ª, 5ª, 8ª e 11ª)
Doze sílabas       Dodecassílabos ou alexandrinos(com acentos na 6ª e 12ª)
Mais de doze    Bárbaros

E Canção do Exílio, quanto ao número de sílabas métricas, como se classifica?
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá. Gonçalves Dias

Nos versos lidos, você deve ter percebido uma alternância regular e sistemática de sonoridade, obtida pela sucessão de sílabas fracas e fortes. Na prosa, a alternância de sílabas fracas e fortes não é regular. No texto em versos, porém, há ocorrência regular de sílabas fracas(de menor intensidade) e de sílabas fortes(de maior intensidade). Daí surgir o ritmo, a melodia do verso. Os elementos rítmicos e melódicos são fundamentais, tanto para o poeta como para o leitor. Não há poesia sem ritmo. Modernamente, a poesia toma as formas mais variadas. Há textos em prosa que têm poesia, assim como há textos em verso que não são poéticos. A poesia está acima das formas; ela é a expressão da alma humana, como o são outras formas de arte. Um conjunto de versos forma uma estrofe. Por exemplo, Canção do Exílio compõe-se de cinco estrofes. As três primeiras têm 4 versos e as duas últimas, 6 versos. As estrofes, em geral, podem ter de 2 a 10 versos, recebendo a seguinte denominação:
Número de Versos         Designação
2 versos               Dístico
3 versos               Terceto
4 versos               Quadra ou quarteto
5 versos               Quintilha
6 versos               Sextilha
7 versos               Septilha
8 versos               Oitava
9 versos               Nona
10 versos            Décima

Tanto os quartetos, como as sextilhas são formados de versos  heptassílabos ou redondilha maior. Vimos que o ritmo e a melodia dos versos são importantes na poesia. Mas há outro elemento que vem completar o ritmo do verso: é a rima. Rima é a coincidência de sons ao final dos versos. Não é a rima que faz um poema. É todo o conjunto de ritmo e sonoridade, emoção e expressão. Os poetas modernistas nem sempre usam a rima. Seus poemas são em versos brancos. As rimas podem ser classificadas de acordo com:

a)     A coincidência de vogais e consoantes: observe a primeira quadra de Canção do Exílio – sabiá e lá têm sons iguais na sílaba tônica; são versos soantes. Palmeiras e gorjeiam têm sons parecidos (apenas as vogais tônicas EI são iguais); são versos toantes.

b)     A posição do acento tônico: neste caso as rimas podem ser: agudas (as palavras que rimam são oxítonas); graves (as palavras que rimam são paroxítonas); esdrúxulas (as palavras que rimam são proparoxítonas).

c) A distribuição nas estrofes: nesse aspecto, as rimas podem ser: emparelhas (sucedem-se duas a duas); alternadas (o 1º verso rima com o 3º, o 2º com o 4º etc.); cruzadas (o 1º verso rima com o 4º, o 2º com o 3º etc.); encadeadas (o 1º verso rima com o 3º, o 2º com o 4º e o 6º, 5º com o 7º e o 9º, e assim sucessivamente).
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