terça-feira, 18 de novembro de 2014

POESIA E VERSIFICAÇÃO

Poesia e Versificação
Professora: Romi M C Martins

Prosa e Poesia
A composição poética pode assumir duas formas: a prosa e a poesia
.Prosa: é a linguagem direta, usual, o veículo comum de comunicação do pensamento. Nela predomina a denotação.
Poesia: é a linguagem subjetiva, emotiva, que representa  um  certo ritmo. Nela há predominância da linguagem figurada, da conotação.
É muito difícil definir poesia. Para a maioria, trata-se de uma criação rítmica e melódica, de conteúdo emotivo e lírico. Portanto, pode existir poesia mesmo num texto em prosa.
Segundo Hênio U.C. Tavares, em seu livro Teoria Literária:
“A poesia pode estar contida numa linguagem versificada ou em prosa. Quando ocorre a segunda oportunidade, dá-se o poema em prosa ou prosa poética. De um modo geral, haverá prosa poética quando ocorrerem as seguintes característica:
a)     Conteúdo lírico ou emotivo;
b)     Recriação lírica da realidade;
c)      Utilização artística do poético;
d)     Linguagem conotativa.
Versificação
Versificação é a arte de fazer versos.
Verso é a unidade rítmica de um poema. Corresponde a uma linda de uma estrofe.
Estrofe é o agrupamento de versos.
Poema é o agrupamento de estrofes ou versos. Pode, também, haver poemas de apenas uma estrofe.
Métrica é a medida do verso (quantidade de sílabas poéticas)
Escansão é a contagem das sílabas poéticas, que diferem das sílabas gramaticais.
As sílabas poéticas ou métricas não se contam da mesma maneira que as sílabas gramaticais.
Observe:
As sílabas gramaticais, formadoras das palavras que usamos na linguagem comum, não são as mesmas que as sílabas métricas (ou poéticas), e por vezes não coincidem.
Veja o exemplo:
Sílabas gramaticais          Mi          nha        ter          ra            tem       pal          mei        ras
Nº de sílabas     1             2             3             4             5             6             7             8
Sílabas métricas               Mi          nha        ter          ra            tem       pal          mei *    ras
Nº de sílabas     1             2             3             4             5             6             7             X
* última sílaba tônica
Como você pôde observar, o número de sílabas métricas e gramaticais não coincidiu. As regras básicas para a contagem de sílabas métricas são:

a)     Só se contam as sílabas até a última sílaba tônica de cada verso.

b)     Havendo encontro de vogais, em palavras diferentes, elas podem fundir-se numa sílaba somente. É o caso da elisão.
Escandir ou fazer a escansão dos versos é indicar suas sílabas métricas e seus acentos. Veja a escansão que fizemos: observe as sílabas tônicas predominantes do verso – 3ª e 7ª – e as elisões que aparecem.
1             2             3             4             5             6             7             8
Em         cis           mar        so           zi             nho a    noi         te
Mais      pra         zer         en          con        tro eu   lá           
Mi          nha        ter          ra            tem       pal          mei        ras
On          de          can         ta o        sa           bi            á            
O número de sílabas métricas em cada verso depende da vontade do poeta. Geralmente vão de uma sílaba (muito raro) até doze sílabas.
Uma sílaba         Monossílabos
Duas sílabas       Dissílabos
Três sílabas        Trissílabos
Quatro sílabas   Tetrassílabos
Cinco sílabas      Pentassílabos ou redondilha menor(com acentos na 2ª e 5ª)
Seis sílabas         Hexassílabos (com acentos na 2ª e 6ª sílabas)
Sete sílabas        Heptassílabos ou redondilha maior(com acentos na 3ª e 5ª)
Oito sílabas        Octossílabos ou sáficos(com acentos na 4ª e 8ª)
Nove sílabas      Eneassílabos ou jâmbicos(com acentos na 3ª, 6ª e 9ª)
Dez sílabas         Decassílabos(com acentos na 6ª e 10ª)
Onze sílabas      Hendecassílabos ou datílicos(com acentos na 2ª, 5ª, 8ª e 11ª)
Doze sílabas       Dodecassílabos ou alexandrinos(com acentos na 6ª e 12ª)
Mais de doze    Bárbaros

E Canção do Exílio, quanto ao número de sílabas métricas, como se classifica?
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá. Gonçalves Dias

Nos versos lidos, você deve ter percebido uma alternância regular e sistemática de sonoridade, obtida pela sucessão de sílabas fracas e fortes. Na prosa, a alternância de sílabas fracas e fortes não é regular. No texto em versos, porém, há ocorrência regular de sílabas fracas(de menor intensidade) e de sílabas fortes(de maior intensidade). Daí surgir o ritmo, a melodia do verso. Os elementos rítmicos e melódicos são fundamentais, tanto para o poeta como para o leitor. Não há poesia sem ritmo. Modernamente, a poesia toma as formas mais variadas. Há textos em prosa que têm poesia, assim como há textos em verso que não são poéticos. A poesia está acima das formas; ela é a expressão da alma humana, como o são outras formas de arte. Um conjunto de versos forma uma estrofe. Por exemplo, Canção do Exílio compõe-se de cinco estrofes. As três primeiras têm 4 versos e as duas últimas, 6 versos. As estrofes, em geral, podem ter de 2 a 10 versos, recebendo a seguinte denominação:
Número de Versos         Designação
2 versos               Dístico
3 versos               Terceto
4 versos               Quadra ou quarteto
5 versos               Quintilha
6 versos               Sextilha
7 versos               Septilha
8 versos               Oitava
9 versos               Nona
10 versos            Décima

Tanto os quartetos, como as sextilhas são formados de versos  heptassílabos ou redondilha maior. Vimos que o ritmo e a melodia dos versos são importantes na poesia. Mas há outro elemento que vem completar o ritmo do verso: é a rima. Rima é a coincidência de sons ao final dos versos. Não é a rima que faz um poema. É todo o conjunto de ritmo e sonoridade, emoção e expressão. Os poetas modernistas nem sempre usam a rima. Seus poemas são em versos brancos. As rimas podem ser classificadas de acordo com:

a)     A coincidência de vogais e consoantes: observe a primeira quadra de Canção do Exílio – sabiá e lá têm sons iguais na sílaba tônica; são versos soantes. Palmeiras e gorjeiam têm sons parecidos (apenas as vogais tônicas EI são iguais); são versos toantes.

b)     A posição do acento tônico: neste caso as rimas podem ser: agudas (as palavras que rimam são oxítonas); graves (as palavras que rimam são paroxítonas); esdrúxulas (as palavras que rimam são proparoxítonas).

c) A distribuição nas estrofes: nesse aspecto, as rimas podem ser: emparelhas (sucedem-se duas a duas); alternadas (o 1º verso rima com o 3º, o 2º com o 4º etc.); cruzadas (o 1º verso rima com o 4º, o 2º com o 3º etc.); encadeadas (o 1º verso rima com o 3º, o 2º com o 4º e o 6º, 5º com o 7º e o 9º, e assim sucessivamente).
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